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Crítica | A Meia- Irmã Feia- A nova vilã dos contos ganha sua versão sombria nos cinemas

  • crítica por Robson Bognesi


Filme estreia essa semana nos cinemas (23 de outubro) distribuído pela Marés filmes


A MEIA-IRMÃ FEIA
A MEIA-IRMÃ FEIA

A Meia-Irmã Feia (The Ugly Stepsister | Den Stygge Stesøsteren) é mais uma das típicas releituras feitas sobre vilãs de clássicos infantis. Após Malévola e Cruella, agora é a vez da meia irmã da Cinderela, que no original, faz e desfaz com a pobre gata borralheira. Neste caso, o filme escrito e dirigido pela norueguesa Emilie Blichfeldt. Aqui a história é contada através body horror satírico que, infelizmente, não passa de uma tentativa frustrada de chocar o público com suas cenas gore e seu fraco roteiro.


Elvira (Lea Myren), filha mais velha de uma viúva ambiciosa, sonha em se casar com o Príncipe Julian (Isac Calmroth), que ela conhece apenas através de seus poemas. Após o casamento de sua mãe, Rebekka (Ane Dahl Torp), com Otto (Ralph Carlsson), ela ganha uma linda irmã, Agnes (Thea Sofie Loch Næss).

Em uma tentativa de explorar o preço da beleza, o filme explora os diversos sacríficos em que Elvira se submete para alcançar a beleza que lhe falta e atingir o seu objetivo de se casar com o tal príncipe. Infelizmente, fica apenas na tentativa e na busca de fazer uma grande crítica social sobre a cobrança da sociedade pela busca de um padrão de beleza ideal, o filme se perde e o mousse desanda.


A MEIA-IRMÃ FEIA
A MEIA-IRMÃ FEIA

O body horror é muito bem-vindo em uma obra que se propõe a falar sobre a busca por padrões de beleza, como vimos Coralie Fargeat fazendo em A Substância no ano anterior. Infelizmente, não é o que vemos neste caso. As primeiras “intervenções” estéticas que a garota passa são até bem interessantes e não tem o objetivo do choque pelo choque, apesar de colocar o espectador na ponta da cadeira. Neste ponto da projeção, nos colocamos numa posição de empatia com a adolescente que tem que ser quebrada, derrubada, aparada, adoentada para chegar em um modelo ideal de estética para essa sociedade aristocrática.


A partir de certo momento, a diretora decide que o choque vale mais a pena que a empatia e cenas sangrentas e/ou nojentas, se tornam não apenas explicitas, mas repetidas, como se fosse necessário informar para o espectador que ele deveria olhar de novo aquela mesma cena apenas porque o filme quer chocar. Essa exagerada é proposital e segue até a chegada dos créditos.


A MEIA-IRMÃ FEIA
A MEIA-IRMÃ FEIA
A MEIA-IRMÃ FEIA
A MEIA-IRMÃ FEIA


A equipe do filme é bem competente em transformar a produção em um filme aceitável aos olhos do público e, me sinto obrigado a comentar sobre a beleza do filme, desde o design de produção e figurinos até a fotografia.

O grande problema é para onde vai o roteiro, não sendo competente para fazer o público se preocupar com qualquer dos lados, sendo da vilã ou da mocinha coadjuvante. E aqui fica uma indagação: o objetivo era transgredir o papel da meia irmã, uma das vilãs na versão original, ter uma redenção justificando os seus atos de maldade com a pressão da sociedade e de sua mãe? E respondo: se este era o objetivo, não foi bem-sucedido.


A MEIA-IRMÃ FEIA
A MEIA-IRMÃ FEIA

Os dois papeis principais, a irmã desprovida de beleza e a Cinderela, até tem atuações competentes de suas intérpretes, no entanto, ao olhar para o restante do elenco, as atuações passam do caricato exagerado (madrasta) pelo irrelevante (a outra irmã e o Príncipe)

O filme busca fazer crítica social, mas se resume à exibição gratuita de nudez explicita em primeiro plano.



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