Crítica Avatar : Fogo e Cinzas: "Prova que Pandora ainda tem muitas histórias a contar, agora com novos vilões e conflitos mais complexos."
- Lagoa Nerd

- há 5 horas
- 4 min de leitura
critica por Fabrício Belvederes
A nova sequência do visionário diretor James Cameron estreia essa semana dia 18 de dezembro nos cinemas

O FILME
Partindo exatamente de onde parou no último filme, Avatar 3: Fogo e Cinzas chega aos cinemas dando continuidade à história ainda incompleta apresentada no volume anterior, prometendo uma resolução para os conflitos enfrentados pelos habitantes de Pandora. Após o último ataque orquestrado pelos habitantes da Terra — ou “povo do céu” , como são chamados pelos nativos Na’vi —, a família Sully sofreu uma grave baixa: a morte de seu filho mais velho, Neteyam.
Ainda se recuperando dessa perda e em processo de adaptação junto ao povo da água, do clã Metkayina, Jake Sully (Sam Worthington) se depara com um novo dilema: entregar o humano Spider às bases operacionais terráqueas em Pandora, a fim de que ele fique com os seus, já que é impossível que um habitante da Terra viva sem máscara e respire o ar do planeta.

Causando uma ruptura familiar, Jake, sua esposa Neytiri (Zoe Saldana) e os filhos acompanham Spider de volta para casa. No entanto, o grupo é atacado por um clã de Na’vi sanguinários, que não compartilham os mesmos valores dos clãs da floresta e do mar. Esse novo clã, liderado por Varang (Oona Chaplin), habita as montanhas vulcânicas de Pandora, possui grande aptidão com o fogo e mantém o costume de saquear e assassinar trupes viajantes, arrancando o tsaheylu — as tranças neurais dos nativos — como símbolo de vitória.
NOVO ENREDO

É imprescindível dizer que todas aquelas críticas ultrapassadas que afirmavam que Avatar deveria ter se encerrado no primeiro filme caíram por terra. Mais uma vez, James Cameron demonstra ter criado um universo rico e único, em constante expansão, livre para explorar novas vertentes e mitologias do planeta Pandora ainda não apresentadas ao público.
Chegando ao seu terceiro volume, mesmo com filmes que beiram as três horas de duração, a franquia Avatar não apresenta sinais de esgotamento. Pelo contrário: mostra que ainda há diversas histórias a serem contadas nesse contexto riquíssimo. Em Fogo e Cinzas, o roteiro introduz ao público uma grande novidade: Na’vi ocupando o papel de vilões.
O novo clã evidencia que os nativos de Pandora não formam uma massa homogênea que pensa de maneira idêntica. Os diferentes habitantes do planeta possuem características e visões próprias, e o mortífero clã Mangkwan se destaca por sua cultura singular, marcada pela rejeição aos ensinamentos de Eywa.

Desde o início, o roteiro de Avatar se preocupa em traçar paralelos com histórias de colonização ensinadas nas escolas, retratando como europeus invadiram terras indígenas em busca de matéria-prima e especiarias, promovendo verdadeiros massacres contra os povos originários.
Essa metáfora se mantém ao mostrar que, assim como algumas comunidades indígenas da época se aliaram aos colonizadores acreditando que poderiam sair beneficiadas de conflitos internos, em Avatar a narrativa se repete ao evidenciar que as vítimas nem sempre compõem um grupo cem por cento inocente.
OPINIÃO

Apesar de a história de Avatar avançar de forma inteligente e bem estruturada, expandindo constantemente seu universo ficcional, não é segredo que James Cameron é apaixonado por efeitos especiais e cenas de ação frenéticas — características que figuram tanto entre suas maiores qualidades quanto entre seus principais excessos.
Na mesma proporção em que Avatar revolucionou o cinema do ponto de vista técnico, inovando em recursos visuais, esse também é o fator que pode tornar Avatar: Fogo e Cinzas um tanto cansativo.
As cenas que exploram Pandora continuam belíssimas, à altura dos volumes anteriores da franquia, mas as sequências de ação se apoiam excessivamente na destruição desse mundo, com explosões desenfreadas que não dão ao público tempo para respirar.

Esse boom constante nas cenas provoca uma descarga momentânea de dopamina na audiência, mas, considerando que o último ato do filme é inteiramente sustentado por esse ritmo acelerado, o resultado pode ser uma certa fadiga — a ponto de até mesmo os fãs mais entusiasmados saírem um pouco cansados da sessão.
O longa anterior, O Caminho da Água, conseguiu dosar melhor esses momentos ao intercalar cenas de ação com passagens mais contemplativas, ambientadas nos mares azuis e luminosos de Pandora. Já Fogo e Cinzas propõe um contraponto direto ao seu predecessor: são três horas imersas em um ambiente cinza e sombrio, com predominância de cenas noturnas.
Esse contraste pode causar estranhamento em parte do público que apreciou o tom do filme anterior — ou não. O fato é que o cenário atual se apresenta mais denso e carregado, tanto visualmente quanto no próprio roteiro, o que pode contribuir para o esgotamento mencionado.

Ainda assim, é inegável que o filme cumpre sua missão ao revelar um lado inédito de Pandora, enriquecendo ainda mais o universo de Avatar e deixando os espectadores ansiosos tanto por este capítulo quanto pelos próximos que ainda estão por vir na franquia.
O longa, apesar do forte apelo técnico de seus efeitos visuais, não se sustenta apenas nesse aspecto. Há espaço também para uma narrativa emocionalmente envolvente, capaz de arrancar lágrimas até dos corações mais duros que se dispuserem a assistir a Avatar: Fogo e Cinzas nos cinemas.






Comentários