NINGUÉM SAI VIVO DAQUI, NOVO FILME DE ANDRÉ RISTUM, CHEGA AOS CINEMAS BRASILEIROS EM 11 DE JULHO
- Lagoa Nerd
- 7 de jun. de 2024
- 4 min de leitura
Inspirado em livro de Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro, longa resgata história de pacientes do Hospital Psiquiátrico Colônia

Com roteiro inspirado no livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex, o longa NINGUÉM SAI VIVO DAQUI acompanha a jornada de Elisa, uma jovem que engravida do namorado e, no começo dos anos de 1970, é internada à força pelo pai no hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG). Com direção de André Ristum, o filme chega aos cinemas brasileiros em 11 de julho. A produção é da Sombumbo e TC Filmes, em coprodução com Gullane, Geração Entretenimento, Canal Brasil e Karta Film, e a distribuição é da Gullane+.
O longa é protagonizado por Fernanda Marques no papel de Elisa e ainda traz no elenco Andréia Horta, Augusto Madeira, Rejane Faria, Naruna Costa, entre outros. Além do filme, que fez sua estreia na noite de abertura do Festival de Brasília de 2023 e passou pelo Festival de Talin, na Estônia, a história do hospital também rendeu uma série, Colônia, mas Ristum explica que existem diferenças entre as duas obras.

“No filme, as coisas são mais concentradas. O longa acaba sendo mais impactante do que a série que vai aos poucos entrando naquele sofrimento, na dureza que é a vida dessas pessoas. É uma experiência totalmente diferente, outra proposta sonora e conceitual, outra forma de entrar na história. A gente chega nos pontos mais fortes bem mais rapidamente, e, também, tem cenas exclusivas que foram feitas só para o filme. Ambos contam a mesma história, mas quem for ver o filme vai encontrar uma história que, embora conhecida, é uma nova história pois é uma nova forma de contar”, explica o cineasta.
Ristum, que assina o roteiro com Marco Dutra e Rita Gloria Curvo, conta que quando tomou contato com a história do Colônia, as meninas grávidas que eram internadas pelos familiares foi uma das coisas que mais lhe chamou a atenção. “Aquilo me chocou demais, e entendi que talvez esse fosse o melhor caminho para contar essa história. Depois, eu encontrei inclusive uma afinidade com minha história pessoal pois, minha mãe, quando moça, bem antes de eu nascer, também passou por uma situação de uma gravidez antes do casamento e acabou de alguma maneira sendo obrigada a praticar um aborto."

O livro de Arbex, embora a base do longa, não foi o único material, pois Ristum fez uma pesquisa densa para criar NINGUÉM SAI VIVO DAQUI. “Fui até Barbacena e conheci o Colônia que hoje é outra coisa, e me conectei com várias histórias locais ali. Visitei o museu, conversei com psiquiatras sobre o contexto da época, assisti documentários, acessei muitas fotos entre as quais as famosas fotos que saíram no Cruzeiro nos anos 60. Mas tudo isso serviu de base para uma construção de personagens ficcionais, mas em conexão com figuras reais.”
Ristum também lembra que o tema do longa, hospitais psiquiátricos, são um ponto de debate até hoje no Brasil, mesmo depois da reforma psiquiátrica de 2001. “É muito importante debater esse assunto que não foi superado, resolvido. O filme traz uma discussão que ainda é, infelizmente, muito atual, mas necessária.”
NINGUÉM SAI VIVO DAQUI será lançado no Brasil pela Gullane+
Sinopse
No começo dos anos 70, a jovem Elisa é internada à força pelo pai no Hospital psiquiátrico Colonia, por ter engravidado do namorado. Após passar por muitos abusos, Elisa, junto com outros colegas injustiçados, lutarão para encontrar uma maneira de fugir dessa sucursal do inferno.
A ideia de realizar o filme em preto e branco veio da longa parceria com o diretor de fotografia Hélcio Alemão Nagamine pois, para eles, não havia qualquer brilho ou cor na vida daquelas personagens. “O preto e branco é um personagem no filme, como o hospício. Eu não via outra maneira de contar essa historia a não ser em preto e branco. E acho que o pb nos facilitou muitas coisas também do ponto de vista da produção, além de ter um interesse estético por explorar o preto e branco.”
Inclusive, pelo orçamento, Ristum conta que trabalhou com o elenco como se fosse uma cooperativa, quase uma produção teatral, na qual todos os atores vestiam e maquiavam a si mesmos a partir de um conceito. As cenas, rodadas em longos planos-sequência, foram outro elemento que ajudou ao elenco construir seus personagens. “A gente ensaiava bastante já na locação, para já chegar próximo daquilo que era o resultado esperado. E esse trabalho de troca e de colaboração com o elenco foi muito interessante e que trouxe realismo para todo o filme.”
Ficha Técnica
Diretor: André Ristum
Roteirista: André Ristum, Marco Dutra e Rita Gloria Curvo
Elenco: Fernanda Marques, Augusto Madeira, Andréia Horta, Rejane Faria, Naruna Costa, Aury Porto, Arlindo Lopes e Bukassa Kabengele
Diretor de fotografia: Hélcio Alemão Nagamine, ABC
Diretor de arte: Dani Vilela
Montagem: Bruno Lasevicius
Música original: Patrick de Jongh
Produtor executivo: Rodrigo Castellar
Produtores: André Ristum, Rodrigo Castellar, Caio Gullane, Fabiano Gullane e André Novis
Produtora: Sombumbo e TC Filmes
Coprodutora: Gullane
Distribuidora: Gullane+
País: Brasil
Duração: 86 min
Ano: 2023.
Sobre André Ristum
André Ristum começou a trabalhar com Cinema em 1991. Trabalhou como assistente de Direção em vários filmes, entre os quais “Beleza Roubada” (1995) de Bernardo Bertolucci. Estudou cinema na NYU-SCE em 1997. Desde 1998 dirigiu vários projetos premiados, entre os quais os curtas-metragens “De Glauber para Jirges”, selecionado para o Festival de Veneza de 2005, e “14 Bis”, curta que celebra o centenário do primeiro vôo da história da aviação. Em 2011 lançou “Meu País”, seu primeiro longa metragem de ficção, que recebeu 6 prêmios no Festival de Brasília e foi escolhido como melhor filme do ano no prêmio SESI-Fiesp 2012. Em 2015 lançou seu segundo longa metragem de ficção, “O outro lado do paraíso”, que foi premiado como Melhor Filme no Festival Latino de Trieste e Melhor filme pelo Júri Popular em Gramado. Em 2018 lançou comercialmente seu terceiro longa, “A voz do silêncio”, que recebeu os prêmios de Melhor Direção e Melhor Montagem no Festival de Gramado 2018. Em 2019 foi produtor delegado do filme dirigido por Marco Bellocchio, “O Traidor”, que estreou na competição do Festival de Cannes e foi o indicado italiano ao Oscar. Em junho de 2021 lançou no Canal Brasil e na Globo Play sua primeira direção em séries de ficção, “Colônia”, escrita com Marco Dutra e Rita Gloria Curvo. Em 2022 dirigiu a série “BA: O futuro está morto” lançada em 2023 na MAX. Em 2023 dirigiu a série “Wander” para a Warner Channel, com lançamento previsto para 2025.
Comments