Ao assistir esse documentário, fui atrás de algumas informações sobre os acontecimentos da invasão da Rússia em território ucraniano. Já faz 2 anos dessa Guerra, e um cessar-fogo pelo que tudo indica está longe de acontecer, tendo em vista a visão, e recentes decisões tomadas pelo Presidente Russo Vladimir Putin.

Analisando a obra na totalidade, é obvio que ao registro feito pelo cineasta diretor/jornalista Mstyslav Chernov apresenta impacta e não seria por menos, temos aqui um documentário bem no estilo expositivo, onde as imagens em alguns momentos são secundarias devido à narração (voz-off) e, nesse sentido a montagem colabora para dar seguimento e estabelecer continuidade com o que é argumentado, e em boa parte de sua duração serve para apresentar uma função, seja moral ou social.

Mas aqui também temos alguns traços de outro estilo, o de apenas observador, tudo bem, sendo generoso o estilo observador é o predominante, mas o menos impactante, uma escolha narrativa até curiosa. Quando sua câmera apenas observa sem se intrometer, vamos acompanhando a degradação da cidade litorânea, que é ponto estratégico para a invasão e ataques por parte dos militares russos, e assistindo aos muitos acontecimentos com a população, desde a fuga para abrigos e hospitais até a tentativa de abandonar a cidade.

Na minha visão seria a melhor maneira de desenvolver essa história, isso falando de uma análise com base nos elementos narrativos escolhidos pelos realizadores, quando tornam narração, e montagem aliada de uma imagem, onde se faz desnecessário já que estamos vendo as barbáries e choques, ou quando eles perguntam a médicos e atendentes, que visivelmente estão abalados e esgotados, infelizmente isso empobrece a dinâmica do filme. Mas tem um lado humano e político que também tem de ser levado em contexto, são pessoas e civis sendo aniquilados, diariamente, durante os 20 dias que a equipe do documentário registra. Também temos que analisar que é um ucraniano realizando essa obra e tendo que ver seus conterrâneos sofrendo de fome, sede, entre outras dificuldades para se salvar dos ataques russos.

20 dias em Mariupol é um retrato chocante do caos, e do terror provocado pela Guerra, não importa o lado político, ou visão do que é melhor para sua nação, criar e gerar terror é uma das maiores crueldades contra os seres humanos. É um filme importante e necessário para que tem estomago de assistir 90 minutos de mortes, barbáries, porém seu poder vem mesmo da reflexão, onde pensamos, até onde vai o limite da maldade do ser humano, e o quão longe vai chegar a banalização do mal.