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As 4 Filhas de Olfa – Conflitos, Amor, Arrependimento e dramas vividos por uma família diante o Islamismo.

Foto do escritor: Pablo Escobar Pablo Escobar


As 4 Filhas de Olfa
As 4 Filhas de Olfa

Documentário que concorreu ao Oscar da temporada passada, conta a história de Olfa uma cidadã Tunisiana que passa por privações e algumas dificuldades desde cedo, afetada por um patriarcado rígido no seu país e principalmente pelo absolutismo religioso. Mãe de 04 mulheres, sendo que 02 delas as mais velhas não vivem mais com ela (Ao longo do filme ficamos sabendo do motivo). A cineasta Kaouther Bem Hania utiliza 02 atrizes para representa-las para interagir nas recriações de varias cenas, assim complementando lacunas.

 

Aliás, chega a ser bastante inusitado que, se o espectador não ler uma sinopse antes de entrar  na experiência audiovisual, somente será possível descobrir o que exatamente aconteceu com Rahma e Ghofrane, as duas filhas mais velhas de Olfa, no terço final da projeção, o que transforma a tentativa de imersão  em  um suspense completamente desnecessário que, no final das contas, esvazia o poder da narrativa central.

Afinal nos debatemos durante a duração do filme o que afinal aconteceu com essas duas moças que são dadas como “desaparecidas” com a família restante, mãe e as duas filhas mais novas, sofrendo com uma sensação de saudade, inconformismo e remorso.


As 4 Filhas de Olfa
As 4 Filhas de Olfa

São, portanto, nas aberturas entre a ficção que a realidade surge de forma mais potente. Quando a mãe observa as filhas em cenas montadas e as ouve dizer o que nunca parou para escutar, assiste a momentos em que não esteve presente, ou quando as meninas conseguem relembrar momentos e passagens  de suas infâncias e remontar episódios e sentimentos, tudo se torna uma forma de contar não apenas ao mundo - que claramente é uma motivação ao menos de Eya - mas entre elas, dentro dessa família tão conturbada, suas cicatrizes e questões.

 

Assim, o drama se interessa no cotidiano daquela família. Na criação de Olfa e como ela repassou seus ensinamentos religiosos e algumas das crueldades que sofreu para suas filhas. Busca entender o porquê de Olfa ter espancado Ghofrane por ela ter depilado as pernas. Busca entender porque quase expulsou Eya de casa quando a menina tinha apenas oito anos após confundir uma foto de duas pernas juntas com uma nádega. E como, posteriormente, Olfa veio a lutar para impedir que as filhas mais novas viessem a ser influenciadas pelas mais velhas, estas que começaram a se tornar o extremo do que Olfa sempre defendeu.

Ao final, Olfa declara que contou sua história no filme para que possa esquecê-la e — talvez — seguir em frente. Ela cometeu com as filhas os mesmos erros que foram cometidos com ela enquanto crescia. Mesmo assim, a Olfa-atriz argumenta, as meninas podem quebrar este círculo vicioso. O cinema também tem o poder de mudar a realidade. E como é bom quando isso acontece.


Kaouther Ben Hania escreveu e dirigiu “As Quatro Filhas de Olfa”. Indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional por seu trabalho anterior, “O Homem que Vendeu sua Pele” (2020), Ben Hania conseguiu com seu novo trabalho mais uma indicação à cobiçada estatueta dourada, desta vez na categoria Melhor Documentário. Ativa desde 2004, escreveu e dirigiu 10 filmes, sendo apenas três curtas-metragens. Um nome para ficar de olho, mostra que tem talento e sensibilidade, apesar que nesse documentário acaba pecando na construção de um suspense desnecessário, porém com mensagens importantes e um conteúdo valioso.

 

As 4 Filhas de Olfa
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