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Crítica | Amores Materialistas -“ um retrato contemporâneo dos relacionamentos”

*Crítica feita por Caio Felipe

Créditos Sony Pictures
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O filme "Amores Materialistas", dirigido por Celine Song, é um retrato contemporâneo dos relacionamentos, abordando com admirável clareza e transparência as dinâmicas de encontros mediados por agências, Apps e casamenteiras no caso da personagem principal a Lucy (vivida pela belíssima Dokota Johnson) uma realidade cada vez mais presente na sociedade atual. A narrativa se destaca por ser coesa e fluida, sem excessos, conduzindo o espectador por dilemas humanos universais com muita precisão técnica e sensibilidade artística.


Celine Song utiliza ângulos criativos e cortes precisos para dar protagonismo não só aos personagens, mas também ao ambiente emocional em que estão inseridos. A diretora demonstra uma maturidade pouco comum ao construir cenas em que o foco — literalmente e metaforicamente — se volta para os nuances das emoções humanas, de forma sofisticada e funcional, explorando a intimidade e a vulnerabilidade dos personagens enquanto faz o público refletir sobre a busca por significado nas relações modernas.

Créditos Sony Pictures
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O elenco é um dos pontos altos do filme, com destaques para Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans. Pedro Pascal entrega um personagem carismático e cheio de nuances, conduzindo o público por uma trilha de revelações e exposições emocionais que fogem do clichê. Seu diálogo é meticulosamente trabalhado, oscilando entre a precisão racional e a emoção contida, trazendo densidade à sua trajetória. Dakota Johnson, apesar de enfrentar um roteiro que por vezes a deixa à deriva nas decisões de sua personagem, desenvolve com maestria as camadas de fragilidade e força de Lucy — uma mulher dividida entre sua autonomia e suas inseguranças. Já Chris Evans constrói um homem imperfeito, que demonstra responsabilidade e comprometimento, mas tem dificuldades em lidar com a própria afetividade, sendo fiel à sua ex, mesmo em meio à desordem emocional que o cerca.

Créditos Sony Pictures
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O roteiro se destaca por sua inteligência e atualidade, provocando o espectador a pensar sobre os riscos e a superficialidade das conexões instantâneas, enquanto alerta para as armadilhas emocionais das agências de relacionamento — tema central do filme. Ao mesmo tempo em que traz crítica social, jamais se torna massante, optando por sutileza e precisão nos diálogos e acontecimentos.

Créditos Sony Pictures
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O maior acerto de "Amores Materialistas" está na coragem de tocar em questões delicadas sem oferecer respostas fáceis: o filme mostra que as relações, mediadas ou não por tecnologia, estão sujeitas à imperfeição, ao fracasso e às surpresas inesperadas, refletindo com exatidão os impasses da sociedade contemporânea. Ainda que a personagem central se perca em suas decisões, essa vulnerabilidade funciona como espelho para o público, tornando a obra relevante e necessária.

Créditos Sony Pictures
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Trata-se de um filme sólido, com direção criativa, atuações envolventes e um roteiro alinhado aos dilemas modernos dos relacionamentos. "Amores Materialistas" encerra sua missão com competência: mais do que entreter, provoca questionamentos urgentes sobre a autenticidade e o propósito das nossas conexões afetivas.

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