A plataforma da Netflix lançou no dia 04 de abril em seu catálogo a adaptação do best-seller "O Fabricante de Lágrimas", escrito por Erin Doom, que virou um verdadeiro fenômeno na rede social TikTok, e que tem um público bem específico: o infanto-juvenil. A partir do sucesso da obra literária, vários estúdios iniciaram uma verdadeira corrida pelos direitos de adaptação da obra, da qual teve Rainbow S.p.A. como vencedor, conseguindo os direitos em 2022.
Para a cadeira da direção na versão cinematográfica, foi escolhido o italiano Alessandro Genovesi, que tem sua carreira pautada em produções no seu país voltado para a comédia. Ele também assina o roteiro junto da autora do livro, Eleonora Fiorini.
O filme conta a história de Nica (Caterina Ferioli), que quando criança perde seus pais em um acidente de carro, deixando-a órfã, e sendo enviada a um orfanato para que lá fosse criada até ser adotada. Lá ela conhece Rigel (Simone Baldasseroni), onde ambos desenvolvem uma relação misteriosa e cheia de segredos, em volta de uma fábula.
Dado esse breve resumo, e informando alguns contextos da produção, nos primeiros minutos desse longa já fica claro que a narrativa desenvolvida é realmente pavorosa, e que as escolhas da direção são um tanto quanto estranhas, com vários furos de roteiros, quebra de lógica interna e diálogos digno de risadas. Assim, temos aqui uma verdadeira bomba de arrasar quarteirões e sem sombra de dúvidas mais uma fanfic de Crepúsculo (Que já não tem muita qualidade) de péssima qualidade que ganha o selo original Netflix.
No início do longa já percebemos vários diálogos completamente incoerentes com o que é mostrado em tela, e com decisões de personagens sem contexto algum que beira o absurdo, como, por exemplo, um casal enlutado pela perca de um filho jovem, resolve adotar um adolescente no orfanato, e lá escolhem uma garota, a nossa protagonista Nica, e assim simplesmente do nada resolvem adotar mais um dando a justificativa que a casa grande e cabe mais, e na cena seguinte quando chegam na casa, vemos que a casa é pequena e isso é dito pelo casal aos adolescentes quando chegam na casa, é algo bizarro.
No desenrolar da narrativa, nos é apresentado não por diálogos entre os personagens principais, mas sim por frases de efeitos, olhares soturnos. Temos aqui a associação constante do texto sobre a fábula fantasiosa do filme, que confesso não entendi nada, tudo muito apressado e jogado. O mocinho Rigel é sempre filmado nas sombras, e está sempre com a testa franzida para dar um ar de misterioso, que coitado só dá vontade de rir. O ator em si não tem culpa do roteiro fraco, mas a direção totalmente perdida poderia ajudá-lo, e assim são umas cenas para darem um caráter sensual, um desenvolvimento de relação que é muito pobre e visualmente você espectador não consegue entender, mesmo com a muleta dos flashbacks, que aqui entram de forma abruta por uma montagem também totalmente perdida, que fica difícil entender decisões que os personagens tomam.
Com uma fotografia azulada para dar um clima sombrio, e uma trilha bastante insistente em dar um caráter de suspense, o que nos é apresentado aqui é uma trama bem água com açúcar, com romances para lá de bregas e plots muito mal articulados, mas o avanço da história demora andar para frente, já sabemos tudo onde vai dar e temos que ficar ali esperando o filme acompanhar. E com um desfecho completamente sem pé e nem cabeça, quando chegamos ali no terceiro ato, uma tentativa de atropelamento tão ridícula que foi difícil, não gargalhar alto naquele momento, e com um drama de tribunal completamente fora de tom, quando um desfecho pífio.
Mais uma vez a dona Netflix vai conseguir bons números com esse filme, o Play é quase que inevitável, devido a um marketing agressivo. Se em sua última fanfic, a tenebrosa trilogia 365 Dni, não será difícil em breve termos continuações dessa nova empreitada. Que Deus nos proteja.
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