Saudosa Maloca uma comédia musical misturado com uma cinebiografia focada nas músicas de um dos Maiores sambistas paulistanos Adoniran Barbosa estreia essa semana nos cinemas pela Elo Studios e é uma ótima pedida e com ótimas atuações Confira a entrevista que fiz com o elenco e o diretor do filme
Comédia musical dirigida por Pedro Serrano e protagonizada por Paulo Miklos traz no elenco Gero Camilo, Gustavo Machado, Leilah Moreno, Paulo Tiefenthaler e Sidney Santiago Kuanza estreia essa semana nos cinemas
Paulo ( Miklos que interpreta Adoniran Barbosa) o Adoniran Barbosa sempre esteve, não só nas músicas, mas no imaginário das pessoas, desde o pessoal das antigas e agora.você está retornando no papel, depois do curta que você fez com o Pedro Serrano ( diretor do filme ) Como é a visão de um músico.Que é um ator, interpretando Adoniran Barbosa?
Paulo Miklos : Então, eu interpreto o Adoniran em dois momentos de diferença. e foi muito bacana poder fazer isso.
Porque eu estou numa idade que eu. estou exatamente no meio do caminho. Então, eles me envelheceram para fazer o.Adoniran idoso, já no fim da vida, onde ele conta os casos que aconteceram.30 anos antes, ou 40 anos antes.
Então eu também rejuvenesci para participar dessa parte do filme.e foi muito divertido poder fazer esse movimento e fazer um Adoniran completo, mais jovem.com os colegas de Maloca, e mais.Idoso, mais ranzinza, mais divertido também.
E como foi essa sintonia com o Gustavo Machado e com o Gero Camilo, de vocês interpretarem o Adoniran, o Joca e o Mato Grosso?
Ah, olha, foi uma parceria muito dinâmica,.divertida de fazer, porque são dois feras. Eles têm uma cumplicidade já muito grande, que vem desde a escola de teatro, que eles fizeram juntos.E aí, eu pude me valer dessa cumplicidade deles e me.enfiei no meio e tinha, logicamente, já.Uma proximidade muito grande com o Gero, né, de fazer a série juntos ( série manhãs de setembro do Prime Vídeo)
Pedro ( Serrano diretor do filme ) Como que foi o projeto de agora transformar o seu Curta, para agora um longa de quase duas horas, ? E toda essa projeção e essa admiração que você tem pelo Adoniran Barbosa?
Pedro Serrano: Foi um processo natural, não planejado. Quando o Curta foi lançado, em 2015, acabou que as pessoas que assistiram os festivais e o público em geral na internet, depois que o filme saiu, falava recorrentemente a frase, poxa, isso aqui tinha que virar um longa,Falei, poxa, muito bem, eu acho legal também a ideia
Depois disso veio realmente uma proposta comercial de uma distribuidora da gente desenvolver o projeto e então nós tocamos, já a admiração a ideia de fazer o curta já era uma vontade de falar sobre do Adoniran através das músicas da obra e aí acaba aqui num processo natural que eu nem planejava, acabei fazendo três filmes dele. me aprofundar no personagem e trazer uma outra narrativa para o público que não é a do longa de ficção e nem de curta.
O Joca (Gustavo Machado) quanto o Mato Grosso ( Gero Camilo) eles acabam lembrando também dois personagens icônicos da cinematografia brasileira que são o João Grilo e o Chicó do Auto da Compadecida eles foram inspiração para os personagens?
Claro. Eu vejo essas semelhanças e sem dúvida os dois são uma inspiração e uma referência para o Jóquio e o Mato Grosso.No tipo de registro farsesco que eles fazem, a gente acho que aprofundou ainda um pouco mais numa coisa de um humor físico.que a gente foi buscar pra dupla e pro trio, até com a doneira junto, de Charlie Chaplin, de Buster Keaton, de Mazzaropi, mas sem dúvida a dupla bebe um pouco nessa água, que é uma grande referência, até uma referência do...gênero e do estilo de filme que eu queria fazer assim.
Da história da Iracema (Leilah Moreno), um dos grandes amores de Adoniran Barbosa o telespectador torce por ela, e foi um dos grandes amores do Adoniran, mas também do Joca e do Mato Grosso.Seriam eles os elos que, digamos, unem para esse grande amor por ela? .Cada um vendo de uma visão essa Iracema?
Pedro: Sim, acho que sim. Na dramaturgia, sim. Ninguém sabe...Há uma versão que é uma notícia de jornal que ele leu de uma moça atropelada e fez o samba.Outra que era uma pessoa que ele conheceu na vida real e fez o samba para homenageá-la.
Ela, sem dúvida, é fundamental na construção de relação entre o Joca e o Mato Grosso, porque ela, ao mesmo tempo que é capaz de, no começo, separá-los, depois ela é capaz de uni-los, assim como dois irmãos são na vida real, que brigam e se amam. E, enquanto uniram, no fim, ela acaba.É mais uma confidencialidade, uma amizade mesmo.
Paulo Tiefenthaler (que faz o Pereira) O seu personagem Pereira. chega a lembrar de um personagem que faz o paisano do poderoso Chefão, querendo comandar também as coisas como foi interpretar ele?
Paulo: o Pereira,é um personagem totalmente fictício. Porque é uma São Paulo moderna que está chegando.Estão colocando abaixo esses casarios, esses casarões, essas vilas, para construir esses prédios dos anos 50, 50, 60. Então ele carrega essa função na história.Mas também não é nenhum cara mau, porque é um cara que gosta de estar ali na roda de samba.E a questão é que o personagem é muito o figurino que você usa.Aí cabe a nós, atores, colocarmos emoção e sentimento nesse personagem. Mas o personagem vem pela roupa. Então só no tipo físico, do jeito que eu sou e a roupa, você já olha, você já vê um tipo. É incrivelmente trazer vida pra essa pessoa que aparece no cenário e no figurino, que é esse cara dos anos 50 ali, que ela rouba aquele cabelo e tal, e remete a vários outros personagens do cinema, como o Poderoso Chefão, personagem também de novela, da Globo. E foi um prazer isso, trabalhar com esse elenco maravilhoso. Eu e o Gustavo (Machado/Joca) já fizemos coisas juntos, o Paulo Miklos, primeira vez, o Gero também.
No filme e diferente da vida real o Adoniran, ele fala que ele não gostava de trabalhar o que você achou disso?
Eu acho que esse é um charme dele, o piado, ele sabia que tinha que trabalhar muito.ele mesmo trabalhou muito, ele mesmo sentou ali e escreveu muita letra de música. Ele já trabalhava muito no teatro, muito na rádio.Então ele era um ator, um roteirista e um cantor, e um sambista E, evidentemente, que ninguém gosta de trabalhar muito.Mas tem gente realmente que só gosta de trabalhar.
Gustavo (Machdo que faz o Joca) como foi interpretar o Joca e se você vê semelhanças dele com o João Grillo e o Chicó do auto da compadecida?
Gustavo Machado: essa referência que você citou do Ariano Suassuna nós somos formados por essa obra também, pela obra do Ariano, mas não foi uma referência de que a gente pensou nela, a gente pensou mais em cinema múdo, em Chaplin, Buster Keaton, tem muita comédia física, e isso é, como se fossem dois arquétipos do lado do arquétipo da origem italiana, do imigrante italiano que ele carrega, que ele traz, e também essa coisa mais interiorana, que vem do imigrante brasileiro mesmo, que vem pra São Paulo pra tentar a vida e tal, e que é desde o nordestino ao caipira, ao interiorano,então o Adoniran, de alguma maneira, tinha essas duas energias e a obra dele tá toda assim.
Você, o Gero Camilo e o Paulo Miklos já tinham interpretado os personagens no curta de 2015 como foi retornam essa parceria para o longa?
Ah, isso é uma delícia.sso é uma coisa que eu não tinha vivido.Fazer um filme a partir de uma obra de anos atrás, né, isso é muito legal, porque a gente sempre vai começar um trabalho e a gente nunca sabe se vai dar certo. Desde o trabalho individual, que é criar um personagem, e também o trabalho das parcerias, podem ser atores amigos, atores premiados, maravilhosos, mas não aocntece, e a gente já tinha experimentado a química no Curta, então isso deu muita segurança, uma segurança gostosa.Claro que a gente criou mais um monte de coisa, acho que melhorou muito até o Curta pra cá, mas a gente já vinha com uma certeza de, cara, a gente tem os personagens e os personagens
A Iracema é o grande amor do Adoniran, do Joca e do Mato Grosso, quando eu assisti o filme eu ainda não tinha escutado a música, não sabia dela, e eu torcia muito pela personagem Iracema. Como é que foi pra você fazer parte disso de contar da Saudosa Maloca?
O Adoniano tem essa especificidade assim, que eu acho a obra dele de modo geral, é tragicômica. Quer dizer, nem sei se é o termo que melhoror explica, mas ele lida com a tragédia da vida, a tragédia social, E ao mesmo tempo com muito humor, uma espécie de magia morada.então, todas as histórias são trágicas, são terríveis. Saudosa Maloca é uma fábula Fala da expropriação, do imobiliário, dessa coisa que tá aqui.Porque as casas estão sendo derrubadas e não tem como.O cara apadrinha o cinema do bairro, o cinema da rua dançando, virando chope, virando igreja.Então a cidade se descaracterizando, a poesia de cada bairro perdendo e Saldosa Maloca fala disso.Fora a questão humana das pessoas na rua, levando as pessoas pra rua, jogando mais pra longe do sendo local de trabalho das pessoas mais pobres por conta dessa crueldade capitalista louca das construtoras, enfim, todo o sistema aqui, dos políticos corruptos que permitem isso.
Leilah ( Moreno que faz a Iracema) a Iracema, foi o grande amor de Adoniran Barbosa, na verdade eu ainda não tinha escutado a música da Iracema e eu torcia muito pela personagem, da costureira que quer fazer o sucesso e tudo mais.Como é que foi interpretar a personagem?
Leilah Moreno :Primeiro, eu vim do samba. Minha família vem do samba.Eu falo que o Adoniran Barbosa na nossa família, ele já vem desde placenta.Então a música da Iracema é uma das músicas que eu mais amo na vida. Minha mãe sempre cantou e minha mãe é cantora também.e eu nunca imaginei que eu poderia ser a Iracema Quando me chamaram para fazer o filme foi um presente muito grande, porque muita gente tem curiosidade de saber como é a Iracema, até pela história icônica dela.É uma história triste, mas é muito linda. Essa ideia dela ser uma menina de periferia, do cortiço, que quer crescer na vida.Então, acho que é uma história que tem muito a ver com a história da minha família.
Recentemente,eu vi o documentário do Lupicínio Rodrigues, que também é um outro grande cantor e compositor que fez samba misturado com canto.e ele é o pai da soprência,do Brasil. uma das coisas que ele falou assim, até no documentário, que eu pego também um pouquinho sobre o Adoniran e o grande amor que ele tinha pela Iraçema. Você acha que, a frase que ele usa é, em terra de Romeu e Julieta, a música da soprência nunca morrerá?
Quando eu fiz faculdade, eu estudei Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa.E eu acho que eles têm uma semelhança muito grande com o Adoniran Barbosa, porque eles trazem uma licença poética.Eles colocam uma poesia com palavras que não existem, inclusive, eles inseriram palavras novas no nosso dicionário para falar exatamente sobre sofrência, falar sobre o sofrimento das pessoas.Eles romantizaram o sofrimento, colocaram em poesia o sofrimento.Eu acho que nunca tinha parado para pensar nisso que você me falou, mas acho que faz total razão.
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