Crítica| The Life List I Drama apático, comédia romântica sem açúcar, mas ainda assim cativante
- Pablo Escobar
- 8 de mai.
- 3 min de leitura

A mais nova aposta do Netflix em um filme dramático com toques de comédia romântica, The Life List — dirigido por Susan Johnson — chega à plataforma com a proposta de aquecer corações e provocar reflexões sobre prioridades, escolhas e a necessidade de reencontro consigo mesmo. Baseado no best-seller homônimo de Lori Nelson Spielman, o filme adapta para o audiovisual a jornada emocional de Brett Bohlinger, uma jovem aparentemente bem-sucedida cuja vida vira de cabeça para baixo após a morte de sua mãe.
The Life List acompanha Brett (vivida com delicadeza e humor por Haley Lu Richardson), uma mulher que acredita ter a vida sob controle até descobrir que, para herdar a fortuna deixada por sua mãe, ela precisa cumprir uma lista de sonhos que escreveu aos 14 anos. Desde montar um cavalo até ter uma relação verdadeira com o pai, a lista a força a rever sua rotina, seus relacionamentos e sua ideia de felicidade.
O roteiro, adaptado por Liz Hannah, não equilibra bem os momentos emocionais e cômicos, ainda que caia em alguns clichês típicos do gênero. A estrutura da narrativa segue uma progressão previsível — a cada item da lista, uma nova descoberta ou dilema — mas não consegue manter o interesse com personagens cativantes e nem com boas doses de autenticidade emocional.
O filme se debruça sobre temas como o luto, autoconhecimento, reconciliação familiar e a redescoberta dos sonhos de infância. Em tempos de vidas aceleradas e metas externas, The Life List serve como um lembrete gentil: muitas vezes, os verdadeiros desejos estão enterrados sob camadas de conformismo. A proposta de revisitar promessas feitas ao "eu jovem" é poderosa e ressoa especialmente com o público millennial e da geração Z, que tem enfrentado crises existenciais e redefinições de propósito.
Com uma estrutura narrativa bem previsível, que chega a duvidar de nossa capacidade de ligar pontos relatados, o longa em si também tropeça na construção de seus personagens coadjuvantes, tendo em vista que muitos deles tem impacto nas decisões de nossas protagonista, sendo assim suas participações são como mero artifícios do roteiro para chegar a sua conclusão, de forma acelerada e com clímax prejudicado, por conta da falta de impacto emocional

A direção de fotografia de Autumn Durald Arkapaw (conhecida por Loki) aposta em tons suaves e composições que destacam a transformação emocional da protagonista — seja nas cenas urbanas frias do início, seja nos espaços mais acolhedores e ensolarados conforme Brett se reaproxima de sua essência.
A trilha sonora mistura indie pop e faixas nostálgicas dos anos 90/2000, funcionando como um espelho emocional da narrativa. A montagem é fluida, embora por vezes apresse algumas transições emocionais que mereciam mais desenvolvimento.
O longa tem influências claras com outros filmes que abordam o reencontro pessoal através de listas, missões ou desafios — como Julie & Julia (2009), Comer, Rezar, Amar (2010) e até O Lado Bom da Vida (2012). Mas o que diferencia este longa é a relação entre mãe e filha como fio condutor da história, dando ao filme uma densidade emocional única, porém não tão efetiva e tão pouco satisfatória quanto os longas mencionados.

The Life List mesmo com uma narrativa capenga, uma estrutura batida, pode não reinventar o gênero, mas oferece uma história acolhedora, e inspiradora. É aquele tipo de filme que talvez não mude sua vida, mas que pode fazer você olhar com carinho para a pessoa que você era — e para os sonhos que ainda podem ser vividos.
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