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A Lente do Amor I Comédia romântica com doses sombrias.





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Nos anos 1990, a comédia romântica viveu seu auge, com dezenas de produções que marcaram a geração com uma fórmula irresistível de romance leve, diálogos espirituosos e finais felizes. Dentro desse panorama surge A lente do Amor, um filme que tenta subverter a estrutura clássica do gênero, misturando romance com uma dose generosa de vingança e humor ácido.


Um dos maiores trunfos de A lente do Amor é sua proposta inusitada. Ao invés de seguir a típica narrativa boy-meets-girl, o filme parte da premissa de dois amantes desprezados – Sam (Matthew Broderick) e Maggie (Meg Ryan) – que se unem para espionar e sabotar seus ex-parceiros, que agora estão em um novo relacionamento. A ideia de inverter o romantismo idealizado com uma pegada quase sombria de obsessão é ousada, especialmente para a época.


As atuações também são um ponto forte. Meg Ryan, conhecida como a “namoradinha da América” graças a papéis em Harry e Sally – Feitos um para o Outro e Mensagem para Você, entrega aqui uma performance surpreendente, com um tom mais sarcástico e rebelde, que foge de sua persona habitual. Matthew Broderick, por sua vez, convence como o romântico ingênuo que se vê envolvido em um plano cada vez mais absurdo. A química entre os dois funciona bem, sustentando a dinâmica central do longa.


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Apesar da proposta interessante, o filme tropeça ao tentar equilibrar seus tons. O humor, por vezes, se aproxima do desconfortável, especialmente em cenas de invasão de privacidade e manipulação. O que na década de 90 podia parecer inofensivo, hoje levanta questionamentos éticos. A falta de um arco emocional mais profundo também enfraquece a transformação dos personagens, tornando o clímax um pouco forçado


O que estabelece um desenvolvimento emocional dos personagens um tanto superficial. As motivações de Maggie e Sam são exploradas apenas na superfície, e a virada romântica entre eles parece, por vezes, pouco orgânica.


Na época de seu lançamento, A Lente do Amor recebeu críticas mistas. Muitos elogiaram a tentativa de renovar o gênero, mas o filme não alcançou o sucesso esperado de bilheteria, especialmente considerando os nomes de peso no elenco. A crítica se dividiu entre aqueles que apreciaram o tom ácido e aqueles que acharam a narrativa moralmente ambígua para um romance.



Mesmo não sendo um clássico absoluto do gênero, A Lente do Amor tem seu valor enquanto exemplo de tentativa de subversão dentro da fórmula tradicional da comédia romântica. Nos anos 90, esse gênero era dominado por histórias mais doces e idealizadas, e o filme de Griffin Dunne surge como uma alternativa mais cínica, mais próxima da sátira do amor romântico.


Em retrospecto, ele ajuda a mostrar a diversidade temática que o gênero pode oferecer, apontando para a possibilidade de lidar com temas como traição, obsessão e reconciliação de maneira mais ousada – ainda que nem sempre equilibrada.

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