Critica | Hot Milk (2025)
- Welson Pereira de Lima
- há 6 dias
- 2 min de leitura

Uma das coisas que gosto no cinema é ser surpreendido por filmes assim, vê-se um titulo e um pôster e o gosto começa a entrar no inconsciente a partir daí. Nada de título de franquia, nada de blockbuster e nem muitos nomes de peso, apenas os dois detalhes a princípio mencionados.

Hot Milk (2025), foi uma dessas gratas surpresas, o filme de estreia na direção da ja consagrada roteirista britânica Rebecca Lenkiewicz, baseado no romance escrito pela sul-africana Debora Levy.
Acompanhamos a historia pelo ponto de vista da personagem Sophia (Emma Mackey), que após a mãe Rose (Fiona Shawn) ser acometida por uma doença degenerativa misteriosa que a põe em uma cadeira de rodas, é acompanha pela filha em uma viagem ao litoral espanhol para ser tratada em uma clínica.

Aos poucos a história nos coloca a par da situação de Sophia, vivendo à sombra de uma mãe manipuladora, que conta histórias pouco confiáveis a seu terapeuta e à sua enfermeira. Nesse pequeno intervalo de tempo ja nos minutos iniciais Sophia começa a se questionar se a vida que levou até aquele momento se trata de uma verdade ou uma sucessão de mentiras ditas pela figura materna.
Com a entrada da enigmática Ingrid (Vicky Krieps) na vida de Sophia, a visão de mundo é rapidamente mudada, tudo parece mais leve, uma caminhada juntas pelas areias da praia, um descanso à beira mar ou à sombra da varanda de uma casa.

O romance nasce e floresce aos olhos de Sophia e vemos a vida dela ser dividia em momentos de leveza na companhia de Ingrid e peso na companhia da mãe. Mesmo em uma ambiente aberto vemos que a câmera se coloca em um close fechado das duas, dando o sentimento de prisão.

O destaque do filme vai para Sofia Shawn, que não decepciona, conta as histórias com veracidade no olhar, acreditamos em suas palavras cegamente, o poder da manipulação materna em seu mais puro termo psicológico 'gaslight'.
Outro grande destaque, a cinematografia, o sentimento de aconchego trazido pela levaza do litoral em tons quentes e com destaques ao azul celeste da água e do céu, o bege da areia, o branco das superfícies sólidas... Tudo muito bem trabalhado em suas tonalidades e sentimentos.
O ambientes fechados trazem o sentimento se sufoco, muitas sombras suaves e momentos de escuridão quase completa mesmo à luz do dia.

Hot Milk é uma ótima pedida para fãs de um cinema mais prazeroso, de um ritmo que leva seu tempo sem pressa com os excelentes diálogos, na composição das cenas, no desenrolar de sentimentos e desenvoltura dos personagens diante de situações que uma hora ou outra vão chegar a um momento extremo.
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