O Último Azul - Crítica
- Welson Pereira de Lima
- 28 de ago.
- 3 min de leitura
Filme de abertura do 75° Festival de Gramado, O Último Azul dirigido pelo ja consagrado Gabriel Mascaro (Boi Néon-2015), filmado na Amazônia a história nos apresenta um Brasil distópico não muito distante, onde a segregação de idosos é obrigatória.

Acompanhamos a partir daí a personagem Teresa (Denise Weinberg), uma trabalhadora de um frigorifico que após completar 77 anos é lembrada por agentes do governo de ja ser uma mulher dependente de cuidados extras e obrigada a se transferida para um lugar batizado de Colônia.
Ja é sabido pela personagem e intrínseco ao espectador que essa Colônia é uma lugar ao nível campo de concentração, o transporte obrigatório, roupas a serem usadas e o fato de que idosos não podem mais viver em sociedade geram a repulsa de Teresa em se dirigir ao local de partida.

Começa uma fuga tranquila para não se levantar suspeitas, Teresa quer chegar a um lugar onde possa ser livre pelo menos uma última vez antes de ir para a Colônia.
Nesse começo somos apresentados a Cadu (Rodrigo Santoro), que com seu barco navega pelos rios levando mercadorias legais e ilegais, atendendo assim a oferta de dinheiro de Teresa para levá-la até seu devido destino.
Por vias do destino Teresa começa a se sentir mais livre e menos propensa a voltar para casa e se dispor aos serviços ja mencionados oferecidos pelo governo, começa uma jornada de auto-conhecimento, navegando rio acima ou rio abaixo com a leveza dos barcos, o frescor da brisa das florestas e as vistas do céu em suas várias tonalidades do dia-a-dia.

A opressão do governo se situa frequentemente em painéis de LED, aviões com faixas escritas, propaganda televisiva e pessoas desconfiadas.
Entra o personagem Ludemir (Adanilo), um típico aproveitador das boas vontades alheias e das ocasiões, Teresa se vê tão sem saída que repensa sua própria decisão de se colocar a mercê dos cuidados governamentais e ser transportada para a temida Colônia.
Nesse ínterim somos apresentados a uma pessoa imune aos males dessa distopia, a cubana Roberta (Miriam Socarrás), que traz leveza em seu jeito, sua fala, seu sotaque e é uma idosa que tem sua liberdade decretada pelo governo, Teresa se junta a ela em sua jornada no barco, vendendo produtos que são uma metáfora realista do quão próximo nosso país se encontra dessa distopia.
Teresa e Roberta se perdem e se encontram ao mesmo tempo com idéias semelhantes de um mundo ideal, com musicas e hobbies que trazem um alivio por toda a opressão sofrida por Teresa e por nós no primeiro e segundo ato do filme.

A fotografia de Guillermo Gaza é um deleite à parte, muitas cenas externas compõem a natureza, as casas à beira rio, as ruas de terra batida à tecnologia propagandista do governo.
A trilha sonora nos põe a par de sentimentos que de vez em quando é interrompida para dar lugar as musicas populares atuais do devido lugar em que se passa.
Por fim O Ultimo Azul, nos impressiona pela proximidade do quão verdadeiro esse breve futuro pode se tornar, mas a pequena chama que nos torna humanos livres continua independente da nossa idade, nunca é tarde para nos reencontrar dentro de nós mesmos, a exemplo de Tereza que decide realmente viver e conhecer pessoas de interesses semelhantes a partir da terceira idade, nunca nos é tarde enquanto há vida, há esperança.







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